Podemos dizer que o ISPOCAB está ao serviço da evangelização da ciência, da cultura e da sociedade: evangeliza a cultura, por meio do ensino (Transmissão do conhecimento), evangeliza a ciência, por meio da investigação científica (Produção do conhecimento), evangeliza a sociedade, por meio de adequadas estratégias de extensão universitária (Socialização do conhecimento); evangeliza a ciência por meio da chamada pastoral universitária (Evangelização do conhecimento).
A transmissão do conhecimento constitui um dos fins do ISPOCAB. O ISPOCAB é uma “Universitas magistrorum ac scholarum” – portadora de uma cultura e transmissora de valores humanos e cristãos.
O ISPOCB pretende educar o homem, na sua totalidade, i.e., introduzi-lo na totalidade da realidade a partir de quatro elementos: o primeiro são os valores, o segundo, os fins (escolher entre os fins), o terceiro, os meios (escolher o melhor meio para chegar a um determinado objectivo), e o quarto são as normas. Hoje várias universidades só falam de meios e normas. É “proibido” educar para valores. Vivemos, como já dissemos na introdução deste PDI, num mundo globalizado onde impera a “dictadura do relativismo” e do niilista, numa cultura individualista em que o âmbito dos fins se confunde com a esfera da liberdade individual e subjectiva e não com a verdade objectiva. Assim, diversas universidades limitam-se a ensinar aos estudantes como escolher entre os meios disponíveis.
O ISPOCAB, por sua vez, terá a obrigação de propor (jamais impor) aos estudantes um projecto em que todos os quatro elementos estejam presentes com o fim de formar profissionais aptos ao mercado de trabalho, dotados de um perfil cristão, ético, crítico e criativo, com competências, comportamentos e habilidades imprescindíveis à realização da sua missão no mundo. Para atingir este objectivo a proposta pedagógica do ISPOCAB estará embasada na visão de uma instituição comprometida com a educação integral do estudante, onde o aprender a conhecer, o aprender a fazer, o aprender a conviver, o aprender a ser e o aprender a comunicar, contribuem para o exercício de uma cidadania fundada em valores éticos e cristãos
Existe uma relação íntima entre investigação e ensino. Além do ensino, o ISPOCAB dedica-se à procura da verdade e do sentido último da existência humana. A produção do conhecimento é uma das funções da universidade. Ensinar e aprender a fazer ciência são tarefas da comunidade científica. Um procedimento não se opõe ao outro, embora distintos, ambos se complementam.
De facto, ensinar não significa somente transmitir o já conhecido, mas levar o estudante à capacidade de observação e à reflexão crítica. Na encíclica Caritas in veritate, Bento XVI deixa entender que o mundo de hoje carece de um pensamento crítico, de um saber integrado. Por isso, o ISPOCAB não pode ser um “supermercado” onde se compram diplomas e canudos, mas sim um espaço intelectual de investigação, uma academia onde se procura, incessantemente, a verdadeira sabedoria. Consagrar-se sem reservas à causa da verdade, investigar todos os aspectos da verdade no seu nexo essencial com Deus, Verdade suprema, estabelecendo assim um diálogo fecundo entre a razão e a fé que possibilita o uso de uma razão que não se limita ao que é verificável na experiência, constitui o essencial da missão ISPOCAB.
De facto, os grandes desafios que a humanidade enfrenta no início do terceiro milénio são fruto da razão de matriz instrumental. Como afirma Horkheimer: “na era industrial a razão tornou-se um instrumento, algo inteiramente aproveitado no processo social. Seu valor operacional, seu papel no domínio dos homens e da natureza tornou-se um critério para avaliá-la”. Assim, a missão do ISPOCAB será configurar, por meio de uma investigação livre, um novo uso da racionalidade humana que ajude a sociedade africana a consolidar a paz, a democracia, a estabilidade e unidade nacionais. A Universidade é o lugar onde se construe com liberdade cada dia e cada hora o ideal da verdadeira soberania nacional. Se por um lado o ISPOCAB, como Universidade Católica, é um lugar onde se pode começar a usar a razão com audácia, por outro, é também o lugar onde se pode fazer a experiencia das exigências mais profundas do coração (verdade, liberdade, justiça, realização humana, amar e ser amado);
Em suma, no ISPOCAB, a investigação compreende necessariamente:
As actividades de ensino e investigação têm como meta e convergência a extensão; A socialização do conhecimento constitui a terceira tarefa do ISPOCAB.
Como é do conhecimento de todos, a universidade nasceu na Idade Média da distinção ou separação entre studium e imperium. O Studium representava a universidade e imperium, o poder. O imperium tinha de lidar com o exercício do poder e studium com a busca da verdade. Esta separação durou até ao início da modernidade. Nesta época aconteceu uma mudança significativa. O studium começou a tornar-se um elemento indispensável para o imperium. A partir de então, a universidade passou a ser algo funcional para o exercício do poder que era, basicamente, militar e político. Há um episódio histórico que pode elucidar o aspecto que estamos a ressaltar. A Prússia, governada por Bismarck, derrotou o grande exército de Napoleão III. Como sabemos a partir da História, o exército francês era muito superior em termos de número de soldados e armas, mas perdeu a batalha. A razão foi que a Prússia conseguiu colocar a universidade de Berlim fundada por Humboldt no início século XIX, ao serviço do poder militar. O exército conseguiu colocar em prática o que hoje se chamaria de estratégia militar.
Nos Estados Unidos, registou-se também outra mudança importante: a universidade ao serviço do poder económico. A economia americana tornou-se aquilo que conhecemos actualmente graças ao trabalho intelectual das universidades. A sociedade civil americana conseguiu colocar a universidade ao serviço do mercado. De facto, numa sociedade globalizada, a cooperação entre as universidades e o sector produtivo torna-se tarefa prioritária.
Assim, a vida do ISPOCAB é norteada pelo princípio da cooperação entre universidade e o universo empresarial com o fim de alcançar a empregabilidade dos seus estudantes. O ISPOCAB tem de estar estruturalmente organizado de modo a aumentar o grau de empregabilidade dos estudantes, o que significa que deve organizar-se tendo em consideração as necessidades reais da população benguelense. O maior indicador de qualidade de uma universidade é a sua sintonia social.
O ISPOCAB não é uma fábrica de canudos, voltada à formação burguesa de profissionais sem compromisso social; não é uma instituição elitista e excludente. Além das actividades já mencionadas, o ISPOCAB não se pode furtar ao compromisso com a sociedade e com o exercício da cidadania.
A Constituição apostólica Ex Corde Ecclesiae afirma, de modo explícito, a responsabilidade das instituições católicas de ensino superior em relação à promoção social: “o espírito cristão de serviço aos outros para a promoção da justiça reveste particular importância para cada Universidade Católica”; e ainda: “cada Universidade Católica deve sentir a responsabilidade de contribuir concretamente para o progresso da sociedade na qual trabalha”. Deste modo, afinada com os valores cristãos, que seus educandos deverão herdar, o ISPOCAB deverá imprimir uma marca ética e solidária no coração de cada um, i.e., a preocupação pelos que sofrem injustiças no campo económico, social, cultural e religioso, dentro e fora da comunidade acadêmica. Aqui reside o maior legado da nossa instituição católica.
O ISPOCAB, por ser uma instituição católica, não deverá desenvolver políticas exclusivamente mercadológicas, mas sim preocupar-se em dar uma contribuição efectiva para a humanização da sociedade angolana, desenvolvendo políticas internas de respeito pelas pessoas que nela trabalham e circulam. Precisa de cuidar bem das pessoas, tratá-las com dignidade, valorizando cada ser humano que nela actua e se encontra. O ISPOCAB é uma instituição académica, essencialmente, personalista que pretende dar prioridade à ética sobre a técnica, defendendo claramente o primado da pessoa sobre as coisas.
O ISPOCAB é uma forma de presença missionária da Igreja católica em Benguela no mundo da ciência. A evangelização do conhecimento constitui o fim último da Universidade Católica
O ISPOCAB é uma comunidade de fé, de esperança e de caridade; preocupa-se por educar o homem a partir do seu fim último. Numa Angola, essencialmente, preocupada com a dimensão material da existência, a pastoral universitária poderá ajudar a superar um modo de vida completamente circunscrito ao âmbito da imanência para se chegar à transcendência.
Como dissemos, a Universidade, em geral, cumpre três funções básicas: o ensino, a investigação e a extensão. Numa Instituição católica, como é o caso do ISPOCAB, cada uma dessas instâncias precisa de ser iluminada pela acção evangelizadora. Por meio de uma autêntica pastoral da educação, os educadores e educandos poderão inspirar suas vidas e suas práticas educativas e de aprendizagem nos valores do Evangelho. No campo do ensino, a pastoral possibilita a adopção de uma visão do mundo e da pessoa humana de acordo com os princípios do humanismo cristão. Desse modo, a integração entre fé e razão será não apenas contemplada, mas, sobretudo, incentivada e alimentada. No que diz respeito à investigação, a pastoral poderá contribuir para que sejam respeitados os princípios e critérios éticos condizentes com a moral cristã e católica. A busca da verdade deverá estar sempre em primeiro lugar em qualquer projecto de pesquisa, evitando-se assim que interesses de carácter ideológico possam desvirtuar o sentido próprio das investigações. Isto significa que o ISPOCAB terá de abrir-se a uma verdadeira pastoral da investigação, a fim de que os pesquisadores cristãos sejam apoiados no seu empenho de fazer avançar a ciência, sem pôr em risco os princípios éticos que devem reger toda a actividade de investigação científica. No campo da extensão, por fim, a pastoral deverá contribuir para que o ISPOCAB cultive cada vez mais os valores da solidariedade e da partilha, superando assim toda a tendência ao individualismo e ao solipsismo. Trata-se, como podemos ver, de uma verdadeira pastoral da inteligência e da razão que cria o hábito de um diálogo racional e análise crítica na sociedade e na Igreja.
Christifideles Laici, 44: “Importa evangelizar — não de maneira decorativa, como que aplicando uma verniz superficial, mas de maneira vital, em profundidade e isto até às suas raízes — a cultura e as culturas do homem … A ruptura entre o Evangelho e a cultura é, sem dúvida, o drama da nossa época, como o foi também de outras épocas. Importa, assim, envidar todos os esforços no sentido de uma generosa evangelização da cultura, ou, mais exactamente, das culturas»
A universidade, instituição surgida na Europa no século XII, no contexto do Renascimento, chamou-se, no início, “Studium generale”, (Estudos gerais) e tinha apenas dois cursos: Teologia e Filosofia. Porém, dentro desses cursos, especialmente da Filosofia, estavam incluídas outras ciências como geometria, aritmética, medicina e direito. Porque estes estudos tinham um carácter bastante amplo, a universidade passou a chamar-se Universitas magistrorum et scholarium, ou seja, universidade do ensino e do estudo.
BASTI, Gianfranco. & PERRONE, Antonio L., Le radici forti del pensiero debole. Dalla metafisica, alla matematica, al calcolo. Padova 1996, p. 13: ‘A ausência de pontos de referência ‘últimos’ de tipo racional, quer metafísicos, quer científicos, parece justificar a sentença de “destino niilista” do pensamento ocidental pronunciada por diversos autores, que torna a noção de verdade, qualquer que seja a forma dela ser entendida, uma espécie de ingénua ilusão’.
Segundo o Concílio Vaticano II, a missão específica dos fiéis leigos, i.é, daqueles que não são nem ministros ordenados, nem religiosos, é evangelizar o mundo. Os fiéis leigos são pessoas que vivem a vida normal no mundo, estudam, trabalham, estabelecem relações amigáveis, sociais, profissionais, culturais, etc. (….); o «mundo» torna-se assim o ambiente e o meio da vocação cristã dos fiéis leigos, pois também ele está destinado a dar glória a Deus Pai em Cristo (…); «são chamados por Deus para que aí, exercendo o seu próprio ofício, inspirados pelo espírito evangélico, concorram para a santificação do mundo a partir de dentro, como o fermento”. (Cfr. JOÃO PAULO II, Christifideles Laici, 16)
JOÃO PAULO II , Ex corde Ecclesia, nr. 20
Comissão da União Europeia, 2003, p.1: “O crescimento da sociedade do conhecimento depende da produção de novos conhecimentos, da sua transmissão através da educação e da formação, da sua divulgação pelas tecnologia da informação e da comunicação e da sua utilização em novos serviços ou produtos industriais. As universidades têm de singular o facto de participarem em todos os processos.”
BENTO XVI, Caritas in veritate, 31: “Paulo VI tinha visto claramente que, entre as causas do subdesenvolvimento, conta-se uma carência de sabedoria, de reflexão, de pensamento capaz de realizar uma síntese orientadora”; Cfr. Tb. Ex corde ecclesia, 15: É necessário, portanto, promover uma síntese superior do saber, a única que poderá apagar aquela sede de verdade profundamente inscrita no coração do homem.
BENTO XVI, Fé, razão e universidade: recordações e reflexões, Regensburg 2006.
Cfr. JOÃO PAULO II , Ex Corde Ecclesiae, 4; Cfr. tb. BENTO XVI, Encontro na universidade de Roma “La Sapienza”, Roma 2008: ‘Penso que se possa afirmar que a verdadeira e intima origem da universidade esteja na sede de conhecimento, que e própria do homem. Este querer saber o que e tudo aquilo que o circunda. Quer a verdade. Neste sentido, podemos ver o questionar-se de Sócrates como o impulso do qual nasceu a universidade ocidental”.
HORKHEIMER, Max. Eclipse da razão. Rio de Janeiro: Labor 1976, 27-32.
Cfr. BENTO XVI, Africae Munus, 135: No contexto actual de grande mistura de populações, de culturas e de religiões, o papel das universidades e instituições académicas católicas é essencialmente buscar, paciente, rigorosa e humildemente a luz que deriva da Verdade; educar a inteligência e o espírito das jovens gerações à luz do Evangelho; ajudar as sociedades africanas, através das pesquisas e análises, a compreenderem melhor os desafios que se colocam hoje à África.
Cfr. JOÃO PAULO II, Ex corde Ecclesia, 15: A universidade católica é o lugar onde os estudiosos examinam a fundo a realidade com os métodos próprios de cada disciplina académica, e deste modo contribuem para o enriquecimento do tesouro dos conhecimentos humanos.
Cfr. JOÃO PAULO II, Fides et ratio, introdução
JOÃO PAULO II, Ex corde ecclesia, 15
JOÃO PAULO II, Ex corde ecclesia, 34
SCEC, A escola católica no limiar do terceiro milénio, nr. 9: “A escola católica caracteriza-se por ser uma escola para a pessoa e das pessoas. «A pessoa de cada um, com as suas necessidades materiais e espirituais, é central na mensagem de Jesus: por isso a promoção da pessoa humana é o fim da escola católica».
BENTO XVI, Spe Salvi, 25: ‘A ciência pode contribuir muito para a humanização do mundo e dos povos. Mas, pode também destruir o homem e o mundo, se não for orientada por forças que se encontram for a dela’.
Cfr. BENTO XVI, Africae Munus, 137
Cfr. SCEC, A escola católica, 55
JOÃO PAULO II , Ex corde Ecclesia,18
Cfr. SCEC, O leigo católico testemunha de fé na escola, 32.
Cfr. JOÃO PAULO II, Ex corde Ecclesia, 21
JOÃO PAULO II, Ex corde Ecclesia,12, Artigo 2, § 5
JOÃO PAULO II , Ex corde Ecclesia, 37; Artigo 7, 1; Gravissimum Educationis, 12
JOÃO PAULO II , Ex corde Ecclesia, Artigo 7, 2
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